domingo, 6 de abril de 2014

Ciência Moderna: Viroides e príons

Por mais incrível que possa parecer, existem agentes patogênicos mais simples do que os vírus.

Por volta de 1970 descobriram-se os viroides, seres fitopatógenos, ou seja, organismos (em geral microorganismos) que atacam células vegetais através de enzimas ou toxinas que desregulam o metabolismo celular ou por bloquearem o transporte de água e nutrientes das raízes para as folhas, aproveitando-as para o próprio crescimento. São basicamente constituídos de uma única molécula de RNA simples, sem qualquer proteína, sendo completamente dependentes da célula hospedeira para a reprodução.

O primeiro viroide foi descoberto por Diener em 1971, e, desde então, diversos outros têm sido identificados em várias plantas cultivadas. Os viroides se propagam nas plantas como muitas sequências de RNA semelhantes, mas não iguais, pois não possuem um sistema de correção nas RNA polimerases, o que provoca mais mutações. A transmissão dos viroides de planta para planta se dá em geral mecanicamente, podendo às vezes haver transmissão por pólen e sementes; também pode haver contaminação por instrumentos de poda.

Neurônios afetados por príons no microscópio eletrônico.
Mais além nesse mundo microscópico extremamente simples, existem os príons, que nada mais são que moléculas de proteínas com uma deformidade que as torna infecciosas. Diferentemente de todos os outros agentes patogênicos, os príons não possuem material genético. A proteína alterada é capaz de alterar também as proteínas saudáveis ao seu redor, transformando-as em príons, ou até gerar réplicas de si mesmo, embora o mecanismo pelo qual isso se faça seja desconhecido.

Essa mutação ocorre em proteínas do sistema nervoso, e justamente por isso afeta os neurônios, provocando a sua morte e, consequentemente, perda de controle motor e demência, podendo até ocasionar a morte do indivíduo. Por serem moléculas altamente estáveis, enzimas, calor, substâncias químicas e até a radiação ultravioleta não exterminam os príons, que também não podem ser eliminados pelas defesas do sistema imunológico. As doenças causadas pelos príons, conhecidas como encefalopatias espongiformes (devido a semelhança do cérebro com uma esponja quando afetado), não têm cura.

O gene que codifica os príons pode ser herdado, e também pode haver contaminação através de instrumentos cirúrgicos infectados. A principal doença causada por príons é a doença da vaca louca, que, como o nome diz, surgiu nos rebanhos bovinos e contaminou o ser humano através da ingestão da carne infectada.

Fonte da imagem: http://www.irbbarcelona.org/

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