quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Angiospermas: A Diversidade de Cheiros e Sabores


A palavra angiosperma vem do grego angeios, que significa 'bolsa', e sperma, 'semente'. Essas plantas representam o grupo mais variado em número de espécies entre os componentes do reino Plantae ou Metaphyta. As angiospermas  conquistaram definitivamente o ambiente terrestre graças ao seu grau de complexidade, diversidade e distribuição geográfica.

A principal característica deste grupo é a presença do fruto e dasflores. A flor contém os óvulos e podem estar agrupadas em inflorescências ou estar solitárias. As flores possuem estruturas para atrair polinizadores como lindas pétalas coloridas.

Estrutura das angiospermas. Ilustração: BlueRingMedia / Shutterstock.com
Estrutura das angiospermas.
As angiospermas produzem raiz, caule, folha, flor, semente e fruto. Considerando essas estruturas, perceba que, em relação às gimnospermas, as angiospermas apresentam duas "novidades": as flores e os frutosAs flores podem ser vistosas tanto pelo colorido quanto pela forma; muitas vezes também exalam odor agradável e produzem um líquido açucarado - o néctar - que serve de alimento para as abelhas e outros animais. Há também flores que não têm peças coloridas, não são perfumadas e nem produzem néctar. Desta forma, tais indivíduos são capazes de propiciar a polinização, ao levarem os pólens até o estigma. Após este evento, o óvulo fecundado transforma-se em semente; e as paredes do ovário, em fruto.

A flor possui várias partes diferentes:
Os órgãos de suporte – órgãos que sustentam a flor, tais como:
  • pedúnculo – liga a flor ao resto do ramo.
  • receptáculo – dilatação na zona terminal do pedúnculo, onde se inserem as restantes peças florais.
Os órgãos de proteção:
  • cálice – conjunto de sépalas, as peças florais mais parecidas com folhas, pois geralmente são verdes. A sua função é proteger a flor quando em botão. A flor sem sépalas diz-se assépala. Se todo o perianto apresentar o mesmo aspecto (tépalas), e for semelhante a sépalas diz-se sepalóide. Neste caso diz-se que o perianto é indiferenciado.
  • corola – conjunto de pétalas, peças florais geralmente coloridas e perfumadas, com glândulas produtoras de néctar na sua base, para atrair animais. A flor sem pétalas diz-se apétala. Se todo o perianto for igual (tépalas), e for semelhante a pétalas diz-se petalóide. Também neste caso, o perianto se designa indiferenciado.
Os órgãos de reprodução:
Folhas férteis modificadas, localizadas mais ao centro da flor e designadas esporófilos. As folhas férteis masculinas formam o anel mais externo e as folhas férteis femininas o interno.
  • androceu – parte masculina da flor, é o conjunto dos estames. Os estames são folhas modificadas, ou esporófilos, pois sustentam esporângios. São constituídas por um filete (corresponde ao pecíolo da folha) e pela antera (corresponde ao limbo da folha);
  • gineceu – parte feminina da flor, é o conjunto de carpelos. Cada carpelo, ou esporófilo feminino, é constituído por uma zona alargada oca inferior designada ovário, local que contém óvulos. Após a fecundação, as paredes do ovário formam o fruto. O carpelo prolonga-se por uma zona estreita, o estilete, e termina numa zona alargada que recebe os grãos de pólen, designada estigma. Geralmente o estigma é mais alto que as anteras, de modo a dificultar a autopolinização.

Os frutos contêm e protegem as sementes e auxiliam na dispersão na natureza. Muitas vezes eles são coloridos, suculentos e atraem animais diversos, que os utiliza como alimento. As sementes engolidas pelos animais costumam atravessar o tubo digestivo intactas e são eliminadas no ambiente com as fezes, em geral em locais distantes da planta-mãe, pelo vento, por exemplo. Isso favorece a espécie na conquista de novos territórios.

As angiospermas são heterosporadas e o tamanho dos gametófitos é muito reduzido. Não há formação de anterídios e arquegônios. O pólen é levado até o estigma da flor. Ali ele germina e produz o tubo polínico até o gametófito feminino. Os gametas masculinos são aflagelados. O óvulo fecundado vai desenvolver uma semente, envolta pelo ovário, que se desenvolve em fruto. Os processos de formação do megagametófito e dos núcleos polares são chamados de megaesporogênese e megagametogênese. Normalmente as angiospermas fazem fecundação cruzada, porém algumas se reproduzem por autopolinização.

Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/angiospermas/
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos4/angiospermas.php
http://www.brasilescola.com/biologia/angiospermas.htm

Gimnospermas: A Conquista do Ambiente Terrestre

Gimnospermas (do grego gymnos = nu; e sperma = semente) é uma subdivisão do Reino Plantae, cujas plantas são vasculares, contudo não possuem sementes contidas em frutos (as sementes nuas). Sendo essa uma das características fundamentais ao grupo durante a evolução, apresentando estruturas produtoras de gametas bem visíveis (fanerógamas), possibilitando a partir de então a conquista definitiva do ambiente terrestre, sem a necessidade de água como meio intermediador para fecundação dos gametas. Nesse grupo incluem-se plantas como pinheiros, as sequóias e os ciprestes.

As gimnospermas possuem raízes, caule e folhas. Possuem também ramos reprodutivos com folhas modificadas chamadas estróbilos. Em muitas gimnospermas, como os pinheiros e as sequóias, os estróbilos são bem desenvolvidos e conhecidos como cones - o que lhes confere a classificação no grupo das coníferas.
Há produção de sementes: elas se originam nos estróbilos femininos. No entanto, as gimnospermas não produzem frutos. Suas sementes são "nuas", ou seja, não ficam encerradas em frutos.
Os óvulos e as sementes de gimnospermas são expostos ao ambiente pelos esporofilos. A semente é o óvulo maduro portador de um embrião. Diferente das outras plantas estudadas anteriormente, as gimnospermas produzem vários arquegônios com oosferas e, consequentemente, vários embriões podem ser formados, porem apenas um sobrevive. Esse processo chama-se poliembrionia e ocorre em apenas um óvulo.
Outro avanço das gimnospermas é a independência de água para a fecundação, pois surge o grão de pólen, que é o gametófito masculino em desenvolvimento, que se completa quando fecunda a oosfera.
O processo de dispersão do grão de pólen é chamado de polinização. Quando o grão de pólen encontra o arquegônio, um tubo polínico é formado e depois se rompe, liberando anterozóides multiflagelados que nadam até o arquegônio fecundando a oosfera. A função do tubo polínico é levar o gameta até a oosfera, para que ele não dependa de água para a fecundação.
Ciclo de reprodução das gminospermas.
A semente pode ser entendida como uma espécie de "fortaleza biológica", que abriga e protege o embrião contra desidratação, calor, frio e ação de certos parasitas. Além disso, as sementes armazenam reservas nutritivas, que alimentam o embrião e garantem o seu desenvolvimento até que as primeiras folhas sejam formadas. A partir daí, a nova planta fabrica seu próprio alimento pela fotossíntese.

Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos4/gimnospermas.php
http://www.brasilescola.com/biologia/gimnospermas.htm
http://www.infoescola.com/biologia/gimnospermas/

Pteridófitas: Aos Lugares Mais Altos

As Pteridófitas são plantas vasculares que não possuem sementesSamambaias, avencas, xaxins e cavalinhas são alguns dos exemplos mais conhecidos de plantas do grupo das pteridófitas. A palavra pteridófita vem do grego pteridon, que significa 'feto'; mais phyton, 'planta', pelo fato das folhas em brotamento apresentarem uma forma semelhante a um feto humano.

Ao longo da história evolutiva da Terra, as pteridófitas foram os primeiros vegetais a apresentar um sistema de vasos condutores de nutrientesIsso possibilitou um transporte mais rápido de água pelo corpo vegetal e favoreceu o surgimento de plantas de porte elevado. Além disso, os vasos condutores representam uma das aquisições que contribuíram para a adaptação dessas plantas a ambientes terrestres.

O corpo das pteridófitas possui raiz, caule e folha. O caule das atuais pteridófitas é em geral subterrâneo, com desenvolvimento horizontal. Mas, em algumas pteridófitas, como os xaxins, o caule é aéreo. Em geral, cada folha dessas plantas divide-se em muitas partes menores chamadas folíolosA maioria das pteridófitas é terrestre e, como as briófitas, vivem preferencialmente em locais úmidos e sombreados.

Da mesma maneira que as briófitas, as pteridófitas se reproduzem num ciclo que apresenta uma fase sexuada e outra assexuada.

Para descrever a reprodução nas pteridófitas, vamos tomar como exemplo uma samambaia comumente cultivada (Polypodium vulgare).
A samambaia é uma planta assexuada produtora de esporos. Por isso, ela representa a fase chamada esporófito
Em certas épocas, na superfície inferior das folhas das samambaias formam-se pontinhos escuros chamados soros. O surgimento dos soros indica que as samambaias estão em época de reprodução - em cada soro são produzidos inúmeros esporos.
Quando os esporos amadurecem, os soros se abrem. Então os esporos caem no solo úmido; cada esporo pode germinar e originar um protalo, aquela plantinha em forma de coração mostrada no esquema abaixo.
protalo é uma planta sexuada, produtora de gametas; por isso, ele representa a fase chamada de gametófito.

protalo das samambaias contém estruturas onde se formam anterozoides e oosferas. No interior do protalo existe água em quantidade suficiente para que o anterozoide se desloque em meio líquido e "nade" em direção à oosfera, fecundado-a. Surge então o zigoto, que se desenvolve e forma o embrião.
O embrião, por sua vez, se desenvolve e forma uma nova samambaia, isto é, um novo esporófito. Quando adulta, as samambaias formam soros, iniciando novo ciclo de reprodução.
Como você pode perceber, tanto as briófitas como as pteridófitas dependem da água para a fecundação. Mas nas briófitas, o gametófito é a fase duradoura e os esporófitos, a fase passageira. Nas pteridófitas ocorre o contrário: o gametófito é passageiro - morre após a produção de gametas e a ocorrência da fecundação - e o esporófito é duradouro, pois se mantém vivo após a produção de esporos.
Ciclo de reprodução das pteridófitas.
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos4/pteridofitas.php
http://www.todabiologia.com/botanica/pteridofitas.htm

Talófitas: O Ancestral Verde

Exemplo de alga verde.

Entretanto, antes das briófitas, surgiu o ancestral mais primitivo de todo o reino Metáfita: as talófitas.

As talófitas são conhecidas como algas pluricelulares (com muitas células), pois são plantas muito simples, pois não apresentam raízes, caules, folhas, flores, frutos e nem sementes. Elas apresentam apenas um único talo.

Todas as algas têm clorofila, por isso realizam a fotossíntese (produzem seu alimento), não tendo vasos para a condução da seiva. Apesar disso, nem todas são verdes. Há outros pigmentos que dão várias cores às algas. O talo tem a forma de filamento, lâmina ou raminhos. Foram os primeiros vegetais que surgiram em nosso planeta. As talófitas vivem em ambientes aquáticos (mares, rios, lagos e pântanos), em pedras, troncos de árvores e em superfícies muito úmidas.

As talófitas podem se reproduzir de duas maneiras: assexuada e sexuadamente. A reprodução assexuada pode ser por fragmentação ou por esporos. No primeiro, um pedaço do filamento da alga destaca-se e origina uma nova alga; no segundo, se separam do talo os zoósporos que se movimentam e ao cair formam uma nova alga.

As algas possuem características em comum com as plantas que as identificam como organismos muito próximos. Uma delas é a realização de fotossíntese, inclusive através das clorofilas A e B, também presentes nas plantas. Além disso, seu revestimento é muito parecido.

Fonte: meioambiente.culturamix.com
http://www.clickescolar.com.br/taloftas.htm

Briófitas: As Plantas Rastejantes

Briófitas (do gergo bryon: 'musgo'; e phyton: 'planta') são plantas pequenas, geralmente com alguns poucos centímetros de altura, que vivem preferencialmente em locais úmidos e sombreados.
O corpo do musgo é formado basicamente de três partes ou estruturas:
  • rizoides - filamentos que fixam a planta no ambiente em que ela vive e absorvem a água e os sais minerais disponíveis nesse ambiente;
  • cauloide - pequena haste de onde partem os filoides;
  • filoides -estruturas clorofiladas e capazes de fazer fotossíntese.
Devido a ausência de vasos condutores de nutrientes, a água absorvida do ambiente e é transportada nessas plantas de célula para célula, ao longo do corpo do vegetal. Esse tipo de transporte é relativamente lento e limita o desenvolvimento de plantas de grande porte. Assim, as briófitas são sempre pequenas, baixas.
Musgos e hepáticas são os principais representantes das briófitas. O nome hepáticas vem do grego hepathos, que significa 'fígado'; essas plantas são assim chamadas porque o corpo delas lembra a forma de um fígado.


Ciclo de reprodução de uma briófita
Como se percebe, no ciclo de vida das briófitas a mãe, o organismo genitor, é perene. Na reprodução, a água é vital para o deslocamento do anterozóide. As briófitas dependem da água para a reprodução sexuada. Nesta situação, os gametas masculinos (anterozoides) se deslocam, com auxílio de seus flagelos, até os gametas femininos da planta (oosfera). Ao fecundar, o zigoto sofre mitoses e forma um embrião. O embrião se desenvolve por meio de novas mitoses e dá origem ao esporófito. Em sua cápsula, desenvolvem-se esporos, a partir de meioses sofridas pelas células-mães. Estes são liberados após certo período, e o esporófito morre. Encontrando condições propícias, os esporos desenvolvem-se, formando protonemas. Estes crescem e dão origem ao musgo adulto que, mais tarde, dará continuidade a este ciclo.

Briófitas podem, ainda, se reproduzirem por fragmentação, na qual fragmentos de um indivíduo dão origem a outros gametófitos; ou por meio de propágulos: estruturas que se formam no interior de conceptáculos e que depois se desprendem, e se desenvolvem no solo.

A seguir, a divisão das partes do esporófito e do gametófito:
Fonte: http://www.brasilescola.com/biologia/briofitas.htm
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos4/briofitas.php

terça-feira, 2 de setembro de 2014

A Biodiversidade Ameaçada

"Uma das maiores preocupações ecológicas de nossa época é a destruição da biodiversidade, isto é, da variedade de seres vivos existentes em determinado lugar ou no planeta como um todo.

As razões para se preservar a biodiversidade são bem conhecidas: com a extinção das espécies, perdemos muitas substâncias químicas que poderiam ser potencialmente usadas na fabricação de medicamentos e de outros produtos importantes. Além disso, as espécies selvagens funcionam como um "banco genético" para a origem de novas espécies mais produtivas ou mais resistentes. Ademais, toda espécie faz parte de uma teia alimentar e sua extinção pode provocar desequilíbrios ecológicos.

O antílope-tibetano, um mamífero em extinção.
Mais de 16 mil espécies correm risco de extinção, segundo a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, publicada em 2007 pela União Mundial para Conservação da Natureza. No entanto, alguns cientistas acham que esse número pode ser bem maior, pois muitas espécies dependem das que estão em extinção.

Analisando as espécies endêmicas, ou seja, as espécies que existem apenas em determinado local, o Brasil ocupa o primeiro lugar em relação ao número de mamíferos, peixes de água doce e plantas, além de possuir cerca de 20% das espécies de aves do mundo. Contudo, é o primeiro em número de espécies de aves com risco de extinção. Essa biodiversidade está ameaçada pela destruição de habitats, pela caça e pesca sem controle, pela poluição e pelos desequilíbrios ecológicos."

Texto do livro "Biologia Hoje - Os seres vivos", de Sérgio Linhares e Fernando Gewandsznajder.

Fonte da imagem: portuguese.cri.cn

História Viva: A Evolução do Voo

Várias características fizeram com que fosse possível uma das maravilhas do mundo animal: o voo. As aves, após vários processos evolutivos, conseguiram essa proeza.

O corpo das aves em si já é de um formato aerodinâmico. Para conseguir o impulso no ar necessário para o movimento no ar e a tomada de trajetória, os membros anteriores das aves foram transformados em asas, com a ligação dos dedos, mais semelhantes às nadadeiras dos peixes. Aliás, nos pinguins as asas efetivamente funcionam para a natação.
Uma espécie de ave no ar.

Além disso, era preciso diminuir o peso do animal, mantendo todas as funções vitais. Por isso, para manter a homeostase, porém com uma estrutura mais leve, surgiram as penas, formadas de queratina. Elas protegem a ave, diminuem a perda de água do corpo e mantêm a ave aquecida ainda que em climas muito frios. São flexíveis e resistentes, além de aerodinâmicas. A única glândula na pele das aves é a glândula uropigiana, que serve justamente para a produção de uma secreção oleosa que evita o acúmulo de água nas penas.

Os ossos sempre foram estruturas muito pesadas, que dificultariam muito para o voo. Por isso, os ossos das aves são pneumáticos, ou seja, possuem espaços de ar no seu interior, fazendo com que diminua o peso e a densidade do animal, mantendo a estrutura do organismo, graças à ancilose. Além disso, os ossos mais pesados do nosso organismo, os dentes, somem nas aves, para evitar excesso de peso e uma concentração de peso na ponta do corpo.

Basicamente, essas características aliadas a uma boa e forte estrutura muscular é capaz de gerar os seres tão belos que vemos nos ares.

Fonte da imagem: imagemnocao.blogspot.com

Parasitas & Doenças: As cobras peçonhentas e as não



Algumas características diferenciam as serpentes peçonhentas (que possuem veneno na saliva para o ataque de presas) e as não-peçonhentas. O conjunto delas é extremamente importante na hora de determinar se o ataque de uma cobra pode ser fatal ou não.

Forma da cabeça
Peçonhentas: triangular e bem destacada
Cascavel, uma serpente peçonhenta.
Não-Peçonhentas: ovalada e pouco destacada

Pupilas
Peçonhentas: fenda vertical
Não-Peçonhentas: circulares

Fossetas
Peçonhentas: presentes
Não-peçonhentas: ausentes

Escamas
Peçonhentas: pequenas, pontudas e ásperas
Não-peçonhentas: grandes, achatadas, lisas e lubrificadas

Cauda
Peçonhentas: curta e afina bruscamente
Não-peçonhentas: longa e afina aos poucos

Hábito
Peçonhentas: noturno
Não-peçonhentas: diurno

Comportamento
Peçonhentas: lentas; se atacadas reagem
Não-peçonhentas: rápidas; se atacadas fogem

Relações de Vida: A Língua Solta e a Cadeia Alimentar

Um dos órgãos mais importantes no nosso ser e também pequeno é a língua, que permite a comunicação entre a espécie. Entretanto, não é somente no seres humanos que ela é importante. Na verdade, é extremamente essencial (e interessante) nos anfíbios.

Para várias espécies de sapos, a língua é uma das adaptações mais importantes por seu papel na nutrição. A língua pegajosa, presente nos anfíbios anuros, é a responsável por capturar insetos, como moscas e mosquitos, que são a principal alimentação do animal. Nesses seres a língua é presa na parte da frente da boca, e não na parte mais interna, permitindo que ela seja projetada para fora da boca, como uma espécie de arpão. Isso ocorre com o desenrolamento da língua.

Um sapo capturando sua presa.
Graças a essa característica, os anfíbios podem capturar insetos em pleno voo, grudando-o na ponta da língua e puxando-o para a boca. Eles não mastigam, somente esmagam a presa com a mandíbula e engolem, da onde vai para um estômago bem desenvolvido.

É impressionante como a língua desses animais pode alcançar grandes distâncias, comparando-se com o tamanho do seu corpo. Esse método de ataque com a língua é extremamente efetivo, e é um dos mais rápidos ataques presentes no mundo animal, evitando que possa haver qualquer possibilidade de escape da presa. Essa alimentação sempre foi extremamente importante para a manutenção da cadeia alimentar. Os insetos, por suas características físicas, naturalmente dominaram o ambiente terrestre. É graças aos anfíbios que há o controle dessas espécies; com a extinção dos sapos haveria uma tremenda infestação de artrópodes.

Isso constitui também um método de combate às pragas na lavoura. Em vez do uso de agrotóxicos, que podem fazer mal ao organismo humano e que há a possibilidade das pragas se acostumarem ao veneno, exigindo doses mais fortes, o uso de sapos para a caça desses animais é um método ecológico de assegurar uma melhor produção agrícola.

Fonte da imagem: www.sobiologia.com.br

Relações de Vida: A Custosa Reprodução e a Piracema

Um dos comportamentos mais fascinantes nos seres vivos é a chamada piracema dos peixes. Piracema é quando alguns peixes, para a sua reprodução, sobem rios contra a correnteza até a nascente, onde ocorre a desova.

A subida de rios por alguns peixes na piracema.
Esse é um árduo processo de reprodução e mostra a magnitude da vida. O fenômeno ocorre sempre na mesma época do ano, e o peixe sabe o momento certo dele através da glândula hipófise, que comanda o processo de reprodução. Diversos fatores, como a temperatura da água, a duração das horas de luz no dia, o aumento do nível da água pelas chuvas, estimulam a hipófise, que alerta o animal da hora da reprodução.

Começa, então, a última parte da vida do peixe. A longa jornada rio acima, que varia de espécie para espécie (algumas podem entrar até 500 km no leito dos rios), é realizada através de um intenso esforço  físico. No fim do processo, o animal morre de exaustão, liberando os ovos na correnteza, que são fecundados e aos poucos vão descendo o rio, conforme crescem. Na próxima cheia, os peixes jovens chegam ao mar, onde depois de seu ciclo de vida irão repetir a piracema.

O grande problema ambiental sobre a piracema hoje não é mais a pesca desmedida. Embora ela continua ocorrendo e seja fatal para a manutenção da biodiversidade marítima, já há várias punições à pesca na piracema, onde o grande ajuntamento de peixes provoca uma pesca rentável. Barragens que são construídas todo ano são um grande problema para a realização da piracema, pois o peixe não consegue prosseguir na sua jornada e morre antes do tempo.

Fonte da imagem: www.ouroeste.com

História Viva: A Evolução da Cauda

Uma das características dos cordados é a presença de uma cauda pós-anal musculosa. Esse órgão, tão nítido em animais como os peixes e os macacos, têm diversas funções, adaptando-se conforme a espécie. O estudo da evolução da cauda pós-anal musculosa é o estudo da história dos animais.

Os primeiros cordados, os protocordados, ainda sem encéfalo e invertebrados, viviam somente no meio aquático. O mesmo ocorre com os peixes, os próximos animais na evolução. Assim, a presença de uma cauda pós-anal musculosa é a presença de uma forte nadadeira na parte traseira do corpo. Justamente por causa dessa nadadeira que os peixes dominaram os mares: eram mais rápidos que quaisquer outros seres aquáticos. O mesmo também aparece nos girinos, os jovens anfíbios.

Nos répteis, como os jacarés, além de nadadeira para os ambientes aquáticos, normalmente o lugar de caça desses animais, a cauda pós-anal musculosa também é uma arma de ataque e de defesa, com movimentos fortes e rápidos. Além disso, em todos os cordados que vivem em ambiente terrestre a cauda auxilia no equilíbrio.

Nos macacos, a cauda pós-anal musculosa é preensora, ou seja, ajuda a segurar o animal em galhos de árvores. Por isso que eles possuem uma efetiva movimentação em florestas e matos. Porém, e em nós? Aparentemente, os seres humanos não possuem cauda pós-anal musculosa. Na verdade, possuímos, porém ela está atrofiada no final da coluna vertebral. É o chamado cóccix. Mais uma evolução da nossa espécie, que não precisava mais de nadadeiras, nem de armas de ataque e defesa, nem de um órgão preensor.

DRs: Espinhos e Bombas

Um exemplo de estrela-do-mar.
Os equinodermos são animais representados por estrelas-do-mar, bolachas-da-praia, pepinos-do-mar, ouriços-do-mar e outros. São exclusivamente marinhos. O nome do filo é devido aos espinhos que possui na pele (equino = espinho; derme = pele).

São seres triblásticos e celomados, muito semelhantes aos cordados por compartilharem características que não estão presentes nos outros animais. Essas características são a presença de enteroceloma em vez de esquizoceloma, ou seja, um celoma formado do intestino primitivo, e não da mesoderme; a deuterostomia em vez da protostomia, ou seja, o ânus surgindo do blastóporo, e não a boca; e um endoesqueleto em vez de um exoesqueleto, produzido pela derme e debaixo dela.

Além disso, os equinodermos apresentam simetria radial em vez de bilateral, sendo pentarradial secundária, isto é, na maioria dos casos o ser pode ser dividido em cinco planos; a boca fica no centro do organismo. Possui tubo digestório completo e utiliza os pódios (pequenos tubos) para a troca gasosa. Com pouca mobilidade, o sistema nervoso é pouco desenvolvido e o circulatório é em grande parte substituído pelo sistema ambulacrário.

O sistema ambulacrário é uma apomorfia dos equinodermos. É constituído de uma rede de canais em que a água do mar circula. Através da contração de alguns músculos, os pódios fazem a locomoção com a ajuda da água, em uma espécie de bombeamento.

Por mais incrível que pareça, animais como a estrela-do-mar são predadores.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Parasitas & Doenças: As aranhas e o seu veneno

A aranha-armadeira, considerada a do veneno mais fatal.

A maioria das aranhas, animais do filo dos artrópodes, possui veneno na saliva, que é liberado quando o animal se sente ameaçado e pica. De todos os grupos de aranhas já descobertos, somente dois não apresentam veneno. Embora grande parte desses seres só possua venenos que fazem pouco mal para o ser humano, alguns podem ser extremamente graves.

Há casos em que tarântulas-ornamentais já fizeram vítimas entrarem em coma. O veneno das aranhas-chinesas é capaz de matar pequenos mamíferos e crianças. Aranhas-das-costas-vermelhas já mataram várias pessoas, e estão entre os sintomas tontura, forte dor de cabeça, tremor e vômito. A popular viúva-negra possui uma picada além de fatal, muito dolorosa. As picadas da aranha-de-areia produzem necrose do tecido cutâneo e sangramento pelos orifícios do corpo, podendo levar a óbito.

O veneno considerado o mais fatal é encontrado nas aranhas-armadeiras, que são comuns no Brasil. Somente 0,006 mg da substância é capaz de matar um rato. Possuem um corpo de em média 5 cm e patas de até 17 cm. Embora milhares de casos de picada dessa aranha já tenham sido registrados no país, são raríssimas as mortes, pois os antídotos são comuns e eficazes.

Fonte da imagem: www.aprenda.bio.br

Relações de Vida: Insetos e flores

As plantas são seres sem locomoção, ou seja, não andam pelo mundo com pernas, nem nadam, nem voam. Logicamente, isso dificulta enormemente a reprodução, com a problematização de os gametas masculinos encontrarem os gametas femininos de outra planta. Uma solução que foi encontrada pelo reino vegetal passa por uma grande ajuda dada pelos insetos, animais que fazem parte do filo dos artrópodes.

Abelha em uma flor; a seguir, o inseto transmite o pólen
para outras flores.
Vários insetos voadores, como a borboleta e a abelha, alimentam-se do néctar colhido em flores. A estratégia encontrada pelas plantas foi a polinização. Nas flores, encontra-se o pólen, responsável pela fecundação em outras flores. Como os insetos passeiam de flor em flor, por centenas de plantas diferentes, elas carregam o pólen grudado em suas patas e o transportam para outros lugares e outras flores. Isso possibilita a reprodução das plantas.

Por outro lado, temos diversos insetos, como várias espécies de formigas, que devoram plantações inteiras. Por isso, são desenvolvidos vários venenos para formigas que são utilizados nas áreas rurais. Por consequência, as formigas também destroem várias flores na sua alimentação. Entretanto, há espécies de insetos que atacam os insetos que destroem as plantas.

Fonte da imagem: www.grupoescolar.com

Parasitas & Doenças: A sanguessuga e a sangria

As sanguessugas (Hirudo medicinalis) são animais do filo dos anelídeos, e correspondem a um dos mais curiosos seres vivos. Sua característica de grudar-se ao corpo humano e sugar o sangue do hóspede já foi muito utilizada na medicina, para fazer sangria, no passado. Incrivelmente, os resultados mostravam-se benéficos. No século XX, essa prática foi abandonada com as pesquisas científicas e o crescimento da medicina.

Uma sanguessuga na pele humana.
Ultimamente, têm sido feitas pesquisas com a sanguessuga e as descobertas são surpreendentes. A sua saliva ajudava os doentes no passado pois possui hirudina, um anticoagulante muito forte; um vasodilatador, aumentando o fluxo sanguíneo local; um anticicatrizante (hialuronidase), mantendo o sangue vertendo na mordida; e um anestésico local. Tudo isso faz com que o tratamento com sanguessugas seja uma opção para a trombose e as microcirurgias reconstrutoras de artérias e veias depois de uma amputação.

A sanguessuga também é utilizada na área de pesquisa laboratorial para a criação de substâncias com propriedades de anticoagulantes, como a trombina. Hoje em dia, suas aplicações chegam até a cirurgias plásticas, para a retirada de sangue acumulado.

Fonte da imagem: www.movemontanhas.com.br

sábado, 24 de maio de 2014

DR's: Corpos Moles, Pérolas e Filtros

Um exemplo de molusco, o caracol-de-jardim.
Origem do nome do filo
O corpo mole dá nome ao filo mollusca (mollis = mole).

Simetria
Bilateral

Desenvolvimento embrionário
Triblásticos e celomados.
Ectoderme: epiderme, sistema nervoso, concha
Mesoderme: órgãos internos (brânquias) e músculos
Endoderme: sistema digestório (gastroderme)

Constituição do corpo
Cabeça: órgãos sensoriais e gânglios (coordenação)
Pé: músculos (locomoção); em alguns, tentáculos
Massa visceral: principais órgãos (brânquias, tubo digestório)

Digestão
Tubo digestório completo (boca, estômago, glândula digestória, intestino e ânus). Apresentam rádula, para raspar alimentos de pedras e conchas. Há moluscos filtradores.

Sistema respiratório
Brânquias retiram o oxigênio da água (levado pelo sangue para o corpo) e secretam o gás carbônico. Alguns moluscos retiram o oxigênio do ar, outros fazem respiração cutânea.

Sistema nervoso
Vários pares de gânglios unidos por cordões nervosos. Alguns possuem olhos, outros somente células fotorreceptoras, sem nitidez de imagem. Há também órgãos de equilíbrio (estatocistos), tentáculos táteis e osfrádios (receptores químicos).

Sistema circulatório
A maioria possui circulação aberta (sangue impulsionado pelo coração para vasos e lacunas onde estão mergulhados os órgãos). Em outros, a circulação é fechada (o sangue circula em vasos e há troca de alimentos e gases entre os capilares e os tecidos).

Importância econômica e ecológica
Alguns bivalves formam as pérolas através de um mecanismo de defesa contra uma partícula estranha que se ache entre a concha e o manto, que são objetos extremamente caros e apreciados pela elite. A importância ecológica, por sua vez, se dá através dos moluscos filtradores, que acabam limpando a água em seu processo de obtenção de comida.

Fonte de imagem: br.freepik.com

Parasitas & Doenças: Uma Questão Social

O texto a seguir foi extraído do livro "Biologia Hoje - Os Seres Vivos", de Sérgio Linhares e Fernando Gewandsznajder.

"No mundo, mais de 2 bilhões de pessoas vivem em lugares sem rede de esgoto ou acesso à água tratada, ou seja, sem saneamento básico, e 80% das mortes por doença nos países pobres são causadas pela falta de acesso da população à água adequada para consumo.

Região anterior de ancilóstomo.
E o Brasil, infelizmente, também participa dessas estatísticas, pois nem todas as moradias do país dispõem de abastecimento de água tratada, e muitas não estão ligadas à rede de esgotos nem contam com fossas sépticas. Além disso, a maior parte do esgoto coletado em território nacional, cerca de 80% do volume total, não recebe nenhum tipo de tratamento antes de ser lançado em rios, lagos e mares.

Entre os principais problemas de saúde relacionados à falta de saneamento básico estão as verminoses, cuja erradicação [...] depende de melhorias no saneamento básico e nas condições de vida das populações mais pobres. Trata-se, portanto, de um problema social, e não apenas um problema médico.

Uma das verminoses mais comuns entre nós, sobretudo nas áreas rurais, é o popular amarelão, parasitose intestinal em que ocorre perda de sangue e anemia e que se deve ao Ancylostoma duodenale, um nematódeo[...]."

Fonte da imagem: bioblogc.blogspot.com

domingo, 18 de maio de 2014

Parasitas & Doenças: A tênia e a teníase suína

A teníase é a doença causada em seres humanos pelo platelminto parasita Taenia solium, que pode levar a uma doença ainda mais grave, a cisticercose humana, que pode atacar o cérebro e gerar a morte do indivíduo.

O ciclo de vida da tênia é parasitário, ou seja, ela precisa estar em outro ser vivo para sobreviver, utilizando as funções do hospedeiro para a sua alimentação, o que gera um ônus ao ser afetado. O hospedeiro definitivo da tênia é o homem, em que o parasita no estado adulto se instala no intestino delgado. Como as tênias são hermafroditas e possuem estruturas para autofecundação, não precisam de um parceiro para a reprodução. Os últimos anéis do platelminto (ou proglótides) são responsáveis pela perpetuação da espécie, que ocorre de maneira extremamente eficiente, com a liberação de 30 a 80 mil ovos por proglote; esses anéis já fecundados se desprendem da tênia periodicamente e saem com as fezes do ser humano.
Ciclo de vida da tênia suína.

As fezes do homem contaminado, por outro lado, são comidas pelo porco (o hospedeiro intermediário), que é coprófago, e junto com elas estão os ovos da tênia ou os proglótides grávidos. Dentro do intestino do animal, os embriões saem dos ovos, perfuram a parede intestinal através de seis ganchos e entram na circulação sanguínea; então, alcançam os músculos e o fígado do porco. Nessa fase, os embriões crescem e transformam-se em larvas (ou cisticercos), que têm a cabeça (ou escólex) envolta por uma vesícula e são semelhantes a ervilhas de cor esbranquiçada.

Se a carne suína não é bem cozida, os cisticercos continuam vivos quando o homem a ingere. Na digestão do alimento, as vesículas são decompostas e o escólex fica livre para fixar-se nas paredes intestinais humanas com seus ganchos, de onde vai tirar seu alimento em um modo de vida parasitário. Então, começa todo o ciclo novamente.

O período de incubação varia de 1 a 35 dias, mas os sintomas podem manifestar-se somente 2 a 5 anos após a infecção.

Fonte da imagem: www.coladaweb.com

terça-feira, 13 de maio de 2014

Relações de Vida: Peixe-Palhaço, Anêmona e o Mutualismo

O peixe-palhaço convivendo com uma anêmona.
Os cnidários são seres vivos que podem dar uma sensação urticante a quem se aproximar deles - característica essa tão importante, que o próprio nome do grupo nos remete a isso (do grego knidos, urticante). Isso deve-se ao mecanismo de defesa desses animais: ao sentirem-se ameaçados, os cnidários abrem uma cápsula especial chamada nematocisto, que fica nos cnidócitos, que libera uma espécie de arpão. Quando o arpão entra na pele de outro ser, libera toxinas que causam essa incômoda sensação.

O peixe-palhaço é um peixe tropical de água do mar que mede em torno de 6 a 15 cm de comprimento. Ele é facilmente identificado pelas suas cores brilhantes características, normalmente oscilando entre o amarelo e o laranja, com faixas brancas e contornos pretos. Uma característica muito interessante no peixe-palhaço é que ele possui um muco protetor em volta de sua pele, que faz com que as toxinas dos têntaculos das anêmonas (uma espécie de cnidário que se alimenta de pequenos peixes) não o afetem (o que faz com que as anêmonas não possam capturá-los).

Assim, anêmona e peixe-palhaço podem conviver juntos sem problemas maiores. Mas a sua relação não se restringe a isso; o peixe-palhaço pode esconder-se na anêmona para fugir de seus predadores, enquanto ele limpa o cnidário, retirando parasitas de seu corpo. Ambos vivem em uma relação que as duas espécies se beneficiam, o mutualismo. Desse modo, podemos encontrar em diversos corais um "harém" de peixes-palhaço, em que há uma fêmea, um macho reprodutor (o maior que tiver) e outros machos menores. Se a fêmea morre, o macho reprodutor transforma-se na fêmea num processo chamado protandria, e o maior dos machos assume a função reprodutora.

Fonte da imagem: http://jornalggn.com.br/

História Viva: O Início do Pensamento

Para muitos leigos, os cnidários representam os primeiros animais a surgirem, em vez dos simples poríferos. Afinal, eles apresentam movimentação, capturam presas com seus tentáculos e podem deixar uma sensação urticante em quem se aproximar demais.

E, realmente, os cnidários apresentam diversas características mais complexas com relação aos poríferos. Mas o que poucos se lembram de citar é o sistema nervoso, que aparece pela primeira vez neste filo, mesmo que difuso, ou seja, não há um centro nervoso com maior concentração de neurônios.

O surgimento das sinapses nos cnidários foi uma das evoluções mais úteis para a sua sobrevivência. Através da percepção de estímulos externos, o organismo pode enviar respostas motoras exigidas para cada situação, tendo coordenação do corpo; por isso, o sistema nervoso está intimamente ligado com as células mioepiteliais.

Através do sistema nervoso, várias funções vitais puderam ser desenvolvidas. Na alimentação, o sistema nervoso é responsável pela captura de presas e prevenção da sua fuga, por meio de estímulos aos cnidócitos, que lançam uma espécie de arpão que possui uma toxina capaz de paralisar e matar o ser atacado. O sistema nervoso também coordena a movimentação do cnidário, inclusive na fuga de predadores.

Assim, essa grande evolução do sistema nervoso nos cnidários certamente garantiu a sua sobrevivência. Tanto é, que essa característica permanece até hoje nos filos seguintes, somente sendo aprimorada com o surgimento de um centro nervoso. E é graças a essa apomorfia dos cnidários que nós, seres humanos, hoje podemos controlar a natureza.

domingo, 11 de maio de 2014

Ciência Moderna: As Esponjas e a Computação

No passado, as esponjas já foram muito utilizadas na higiene, para tomar banho e lavar louças. Hoje em dia, utilizamos esponjas de plástico, mas isso não quer dizer que esses exóticos animais tenham perdido sua importância, principalmente para a pesquisa tecnológica.

As esponjas, embora os animais mais simples, possuem
grande importância para a pesquisa tecnológica e
computacional.
As esponjas possuem uma proteína chamada silicateína, que é responsável pela formação de um esqueleto de sílica. Atualmente, na era da computação, o silício é um material extremamente utilizado como componente de circuitos eletrônicos de proporções nanométricas, como chips, pois é um semicondutor (basta pensar no nome Vale do Silício dado ao lugar de maior concentração de empresas computacionais nos EUA). Pesquisadores alemães têm se esforçado em, através de engenharia genética, dirigirem a evolução das enzimas produtoras de sílica nas esponjas para a produção de um cristal do semicondutor, que será muito útil no desenvolvimento tecnológico.

Além disso, outro componente importante da esponja pode ser utilizado no mesmo ramo. As espículas, estruturas parecidas com agulhas, compostas de calcário, garantem a sustentação do organismo. Porém, através de pesquisas profundas também foi descoberto que elas possuem a mesma característica da fibra óptica de transmitir a luz, através de reflexões contínuas dos raios de luz projetados no interior da estrutura. Esse é o meio mais rápido de transmissão de informações já inventado.

Fonte da imagem: http://exata-mente.blogspot.com.br

DRs: Os Metazoa

O reino animal (ou metazoa) é constituído por seres eucariontes (apresentam núcleo genético nas suas células), pluricelulares e heterotróficos por ingestão (alimentam-se da matéria de outro ser vivo com a digestão ocorrendo dentro do organismo). Uma das principais características que diferem os animais de outros seres vivos é a presença de blastocele no desenvolvimento embrionário, uma cavidade na esfera de células do embrião.

O reino animal é um dos que apresenta maior variedade de
seres vivos.
Quanto à fisiologia, em geral os animais apresentam movimento, e por isso possuem uma forma mais compacta, adequada para esse estilo de vida. Também apresentam simetria bilateral, geralmente, o que também ajuda na movimentação, diminuindo a resistência do ambiente.

A maioria dos animais têm um sistema nervoso, composto por neurônios, podendo ser difuso, em que não há um centro nervoso de maior concentração de sinapses, ou não.

O reino animal é dividido em 9 filos; porifera, cnidaria, platyhelminthes, nematoda, annelida, arthropoda, mollusca, echinodermata e chordata.

Fonte da imagem: http://guiadoestudante.abril.com.br/fotos/relembre-filos-classes-reino-animal-prepare-se-vestibular-691126.shtml#0

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Parasitas & Doenças: O plasmódio e a malária

A malária é uma doença provocada por protozoários de gênero Plasmodium. Existem mais de cem tipos de parasitas da malária, sendo os principais Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malarie e Plasmodium ovale; a doença causada pelo vivax é a mais comum, e a pelo falciparum, a mais letal. O protozoário é transmitido pela picada de mosquitos do gênero Anopheles, além de por transfusão de sangue contaminado, seringas infectadas e através da placenta para o feto.

O ciclo da malária humana é homem-anofelino-homem. Os mosquitos macho se alimentam de néctar, porém as fêmeas necessitam de sangue para o amadurecimento dos ovos; ao ingerirem sangue de um indivíduo contaminado contendo as formas sexuadas do parasita tem início uma fase de reprodução sexuada no estômago do inseto, culminando na proliferação do protozoário na glândula salivar.

Mosquito Anopheles darlingi, principal vetor da malária
 no Brasil.
O mosquito então pica outro humano, injetando sua saliva contaminada, que contém anticoagulante. Em um período de cerca de 30 minutos, o plasmódio infecta o fígado, se reproduzindo assexuadamente até arrebentar as células, liberando toxinas e elevando a temperatura (febre); então o parasita vai para o sangue e contamina as hemáceas. Lá, há uma maior reprodução, que resulta na lise dos glóbulos vermelhos; a cada lise, mais células são infectadas.

Os sintomas mais comuns envolvem febre alta, calafrios intensos alternados por ondas de calor e suor abundante, dor de cabeça e no corpo, falta de apetite, pele amarelada e cansaço. Geralmente, os sintomas se repetem a cada dois ou três dias (coincidindo com a lise das hemáceas), período em que o hospedeiro se sente bem; por isso, a malária também é chamada de febre terçã.

O mosquito vetor da doença varia de espécie conforme a região, porém sempre sendo Anopheles. Como o plasmódio necessita de um tempo mínimo para se desenvolver no vetor, a malária ocorre em regiões tropicais e sub-tropicais, onde as temperaturas mais altas garantem um tempo de vida maior para o mosquito. Embora o principal hospedeiro seja o homem, a doença pode contaminar outros animais.

As medidas profiláticas envolvem o combate ao mosquito, uso de repelente e evitar banhos em igarapés e lagoas ao anoitecer e ao amanhecer. O tratamento indicado é feito por via oral com o uso de medicamentos como o quinino e a artemisina.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

DR's: Flagelos e fímbrias

As bactérias são seres vivos que possuem um reino único para elas: o reino monera.

O reino monera é constituído por seres procariontes, ou seja, que não apresentam núcleo, nem as organelas membranosas comuns nos outros seres; por isso, são os organismos vivos (o que não inclui vírus, viroides e príons) mais simples do mundo. As bactérias apresentam, quase todas, uma parede celular constituída de peptidoglicano (peptídios ligados a polissacarídeos) que se apresenta ao redor da membrana plasmática, para proteção da mesma. Dentro da membrana, há somente o citoplasma e, imerso nele, o DNA, ribossomos (organelas responsáveis pela síntese de proteínas, necessárias para o metabolismo celular) e glicogênio (reserva alimentar). Além do DNA do código genético por si só, há também moléculas menores do acido desoxirribonucleico chamadas de plasmídeos, que conferem algumas características à bactéria. Diversas espécies também possuem flagelos (para a locomoção).
Esquema da estrutura de uma bactéria flagelada.

Há vários formatos para as bactérias, como bastonetes, esferas ou até hélices.

As bactérias podem ser heterotróficas por absorção (com a ejeção de enzimas digestivas no ambiente e depois a absorção das moléculas do alimento pela célula, ou o que também chamamos de decomposição) ou autotróficas por fotossíntese, quanto a sua nutrição.

Quanto a respiração, as bactérias podem ser aeróbias (dependentes do oxigênio para conseguir energia para sua sobrevivência), anaeróbias estritas (ou obrigatórias; não podem ter contato com o oxigênio, já que não conseguem se utilizar dele, de forma que sua presença na célula é letal) ou anaeróbias facultativas (se houver oxigênio, se realiza a respiração aeróbia, se não houver, se realiza a fermentação).

As bactérias se reproduzem tanto assexuada, quanto sexuadamente. O principal modo é o assexuado, por bipartição, em que a célula aumenta, duplica o DNA e se divide em duas bactérias geneticamente iguais. Também pode haver reprodução sexuada, por assim dizer, embora não haja sexo específico, mas sim a troca de material genético, na conjugação. Nesse processo, uma bactéria se liga a outra através de pequenas estruturas parecidas com pelos chamadas fímbrias, havendo a troca de plasmídeos. Assim, quando a célula, com novos genes, se dividir, haverá a formação de duas outras bactérias diferentes da inicial. Através desse processo que há a maior variabilidade genética, podendo ocasionar na geração de bactérias resistentes a determinados antibióticos, por exemplo.

domingo, 6 de abril de 2014

História Viva: Vacas e vacinas

Embora a real descoberta dos vírus só tenha sido iniciada no fim do século XIX, as experiências na área da virologia já haviam começado cem anos antes, mesmo sem o conhecimento desses microscópicos agentes patogênicos.

No século XVIII, o mundo estava assolado por uma grave doença viral: a varíola. Endêmica na maior parte do planeta, foi inclusive a principal causa da queda da Tríplice Aliança na América (também conhecida como Império Asteca, embora essa noção tenha sido questionada por historiadores do século XIX, já que era na verdade uma coligação de três importantes cidades indígenas, sendo Tenochtitlán a de maior poder). Já no século XVII, epidemias de varíola na Inglaterra matavam o equivalente a um sexto dos nascimentos.

Tetas (úbere) de vaca contaminada com a varíola bovina.
Nesse contexto, Edward Jenner, um médico inglês, descobriu a vacina. Em 1789, ele notou que as vacas possuíam uma versão mais leve da varíola, apresentando as feridas características da doença nas tetas (úbere). Em 1796, instigado por um ditado popular que dizia que as mulheres do campo nunca contraíam varíola e pelo fato de que elas realmente tinham a pele mais bonita, sem as terríveis manchas da doença, Jenner começou sua pesquisa. Ele supôs que as mulheres do campo, por ordenharem as vacas, estavam expostas ao vírus da varíola bovina, e por isso contraíam a versão mais leve da doença, porém conseguindo imunidade para a fatal varíola humana.

Como teste para sua hipótese, Edward Jenner contaminou um garoto com o vírus da varíola, retirando o pus das feridas de uma vaca contaminada e espalhando-o por arranhões no braço do menino. As consequências foram uma leve febre e suaves lesões na pele, com recuperação rápida, muito diferente da doença humana normal. Para ratificar o experimento, ao contaminar o mesmo garoto com a varíola humana o menino só contraiu febre e não desenvolveu o resto da doença. Estava descoberta a imunização.

Em 1797, Jenner mostrou seus relatos para a Royal Society, a Academia de Ciências do Reino Unido, porém seu trabalho foi rejeitado por haver provas insuficientes. Então, o médico inglês realizou novos testes semelhantes em várias outras crianças, inclusive seu filho, obtendo os mesmos resultados. Assim, em 1798, sua pesquisa foi publicada. Entretanto, a crítica era fervorosa e não admitia que se infectassem seres humanos com uma doença bovina, ridicularizando a ideia.

Felizmente, as vantagens da imunização suplantaram os ideais nobres dos pesquisadores científicos da época, já que quem não se imunizava sofria os males de uma das piores epidemias que a humanidade já viu. Foi-se dado o nome de vacina (de vaccinia, o agente infeccioso da varíola bovina) para esse novo modo de imunização. E depois de muito esforço, em 1980, a varíola foi erradicada do planeta, conforme a Organização Mundial de Saúde.

Fonte da imagem: http://rehagro.com.br/

Ciência Moderna: Viroides e príons

Por mais incrível que possa parecer, existem agentes patogênicos mais simples do que os vírus.

Por volta de 1970 descobriram-se os viroides, seres fitopatógenos, ou seja, organismos (em geral microorganismos) que atacam células vegetais através de enzimas ou toxinas que desregulam o metabolismo celular ou por bloquearem o transporte de água e nutrientes das raízes para as folhas, aproveitando-as para o próprio crescimento. São basicamente constituídos de uma única molécula de RNA simples, sem qualquer proteína, sendo completamente dependentes da célula hospedeira para a reprodução.

O primeiro viroide foi descoberto por Diener em 1971, e, desde então, diversos outros têm sido identificados em várias plantas cultivadas. Os viroides se propagam nas plantas como muitas sequências de RNA semelhantes, mas não iguais, pois não possuem um sistema de correção nas RNA polimerases, o que provoca mais mutações. A transmissão dos viroides de planta para planta se dá em geral mecanicamente, podendo às vezes haver transmissão por pólen e sementes; também pode haver contaminação por instrumentos de poda.

Neurônios afetados por príons no microscópio eletrônico.
Mais além nesse mundo microscópico extremamente simples, existem os príons, que nada mais são que moléculas de proteínas com uma deformidade que as torna infecciosas. Diferentemente de todos os outros agentes patogênicos, os príons não possuem material genético. A proteína alterada é capaz de alterar também as proteínas saudáveis ao seu redor, transformando-as em príons, ou até gerar réplicas de si mesmo, embora o mecanismo pelo qual isso se faça seja desconhecido.

Essa mutação ocorre em proteínas do sistema nervoso, e justamente por isso afeta os neurônios, provocando a sua morte e, consequentemente, perda de controle motor e demência, podendo até ocasionar a morte do indivíduo. Por serem moléculas altamente estáveis, enzimas, calor, substâncias químicas e até a radiação ultravioleta não exterminam os príons, que também não podem ser eliminados pelas defesas do sistema imunológico. As doenças causadas pelos príons, conhecidas como encefalopatias espongiformes (devido a semelhança do cérebro com uma esponja quando afetado), não têm cura.

O gene que codifica os príons pode ser herdado, e também pode haver contaminação através de instrumentos cirúrgicos infectados. A principal doença causada por príons é a doença da vaca louca, que, como o nome diz, surgiu nos rebanhos bovinos e contaminou o ser humano através da ingestão da carne infectada.

Fonte da imagem: http://www.irbbarcelona.org/

DR's: Proteínas e ácidos nucleicos

Os vírus são objetos de discussão. Não apresentam organização celular e nem metabolismo próprio, portanto não podem ser considerados seres vivos. Por outro lado, possuem reprodução (ainda que somente em um hospedeiro), hereditariedade e evolução, o que faz com que alguns cientistas discordem da ausência dos vírus nas classificações taxonômicas. De qualquer forma, esses agentes patogênicos não fazem parte de nenhum dos cinco reinos.

Esquema de vírus envelopado; na figura,
genoma em vermelho, capsômeros em
verde e envelope em cinza, com proteínas
em laranja. Cores fantasia.
Os vírus, conforme sua estrutura, se dividem em dois tipos: os não-envelopados e os envelopados. Os vírus não-envelopados possuem somente o genoma (DNA ou RNA) envolto por um capsídio, uma cápsula de proteínas constituída de várias unidades menores, os capsômeros. Tudo isso nós chamamos de nucleocapsídio.

Já os vírus envelopados possuem toda a estrutura dos não-envelopados e mais uma parte: o envelope. O envelope é uma estrutura que engloba todo o vírus composto pela membrana plasmática de uma célula já invadida.

Para a invasão de um hospedeiro, os vírus utilizam proteínas ligantes que possuem na sua superfície, que só se unem às proteínas da célula específica que será invadida. A reprodução do vírus no interior da célula é comandada pelo genoma do vírus.

Fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/